sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Sensação bizarra

É uma sensação bizarra
Esta de estar de ti separado
Como se a viola e a guitarra
Não acompanhassem o mesmo fado.

A música está desafinada
A letra não tem pontuação
A pauta está espalhada
Em folhas pelo chão.

Que estranha esta sensação
De não te ter ao meu lado
Como se não tivesse minha mão

Porque o braço foi amputado.
Que tristeza, que amargura
Que dor, que me leva à loucura.

MAC
27/08/2015

Para quê dizer adeus...


Para quê dizer adeus
Se nem sequer sei quando partir
Estas lágrimas que tenho nos olhos meus
São mensagens do passado, de hoje e do que há-de vir.

São recados, são desejos, amor
São palestras, crónicas, estrofes, poesia
São queixumes, tristezas e dor
São os tormentos da noite, enfrentar de novo o dia

Basta-me o teu sorriso, olhar-te
Sentir teu corpo em meus braços
Ler-te a alma e desejar-te
Ou cometer tantos erros crassos.

O sonho, Linda, o sonho belo
Que em meu sangue se injectou
Hoje nem sei se existe, se o perdi ou vou perde-lo
Só sei que já nem sei para onde vou.

Queria acompanhar-te lado a lado
Na vida, de mão dada e olhar-te
Não ver sempre teu ar preocupado
Sentindo que um dia me obrigas a deixar-te.

Terrivel amor é este que me corrói
O corpo lancinante de mágoa, a alma
Grito em pensamento, em sonho, porque dói
E quando acordo e te olho, minha dor acalma.


Autor: João Mac Santos
Agosto de 2012

Fotografia de João Mac Santos
Modelo: Ana Ribeiro

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Envelhecer... Morrer

Vejo o tempo a passar
Sinto que estou a envelhecer
Em breve tudo irá acabar
Meu corpo vai morrer.

Desejo o futuro, a vida
Mas a vida é um sonho
Amar-te é causa perdida
Perder-te é triste, medonho.

Foste minha estrela-guia
És agora estrela cadente
És a tristeza que se anuncia

Serás meu amor para sempre.
Não me consigo imaginar assim
Sem ti será minha morte, o fim!

MAC
25/08/2015

domingo, 23 de agosto de 2015

O prazer da rádio

Um dos meus prazeres é ouvir rádio, muito mais que ver tv...
Enquanto ouço rádio não preciso desviar o olhar e deixar de fazer o que estiver a fazer. E se a estação for de qualidade a música também o é e é sempre bom estar acompanhado de boa música.
Encontrei um sintonizador vintage (1976) e não resisti. Como é bom ouvir boa música do meu sintonizador PIONNER TX 5500 II. E pelo preço que paguei há mais ou menos dois meses acho que valeu a pena.
A felicidade e tranquilidade que a música me transmite é totalmente compensador.
Tenham um bom domingo.

Memórias

Escrito em 23 de agosto de 2013...
Uma das virtudes que sempre reconheci a minha mãe foi a sua capacidade de lutar por uma vida melhor, e a sua "independência. Foi assim que apesar de meu pai ter morrido aos 39 anos, nunca cruzou os braços e conseguiu ganhar a sua vida através de muito trabalho. A idade não perdoa e por vezes as doenças tornam-nos frágeis e até dependentes ou mesmo totalmente dependentes. Apesar de ser diabética e de fazer diálise, minha mãe nunca se deixou vencer. Talvez hoje a minha mãe foi vencida... Talvez hoje a sua capacidade de lutar esfumou-se... Talvez hoje a sua independência seja perdida.
Mãe presto-te a minha homenagem por tudo o que ensinaste! Mãe apesar de todas as adversidades que viveste continuas viva embora hoje tenhas sofrido um rude golpe.
Presto-te assim a minha homenagem, apesar de saber que nunca irás tomar conhecimento dela. Mas também não me importa. Importa-me sim sentir que foste tu, mãe, que me deste a vida e que eu fiz com ela bem ou mal, mas foste tu que ma deste. Obrigado mãe por tudo o que deste.


P.S. - Minha mãe faleceu em 12 de Setembro de 2016

Deixo-te este poema de Eugénio de Andrade
Poema à Mãe
No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.
Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.
Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;
Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;
Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade

Primavera